Paramilitarismo genocida <br>ensombra paz na Colômbia
A líder da organização de defesa da paz e dos direitos humanos Marcha Patriótica, Piedade Córdoba, escapou ilesa a uma alegada tentativa de assassinato, na região de Chocó, no noroeste do país. A ex-senadora, destituída em 2010 por supostos vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), garante que um indivíduo, com apoio de outros, tentou atingi-la com uma arma de fogo.
O ministro da Defesa do governo liderado por Juan Manuel Santos, por seu lado, considera que se tratou de falso alarme. Versão contestada por Piedade Córdoba e pelos que a acompanhavam, para quem o atentado realizado sexta-feira, 2, reflecte a ofensiva destinada a aniquilar os defensores da paz na Colômbia. Alertaram, também, para o ressurgimento do paramilitarismo.
Desde que as FARC-EP iniciaram os diálogos de paz com o governo colombiano, em 2012, em Havana, 102 membros da Marcha Patriótica foram assassinados no país. No sábado, 3, a guerrilha alertou para o aumento das acções paramiliatres na Colômbia visando população e dirigentes políticos e sociais, advertiu os perigos que estes trazem à possibilidade de alcançar um acordo de paz, e defendeu que o executivo de Bogotá avance nas negociações respeitantes ao desmantelamento do paramilitarismo e implemente as medidas previstas com carácter de urgência.
Reagindo em comunicado ao incidente envolvendo Piedad Córdoba, as FARC lembraram que estes «autênticos esquadrões da morte aumentaram a sua actividade em cerca de 35 por cento durante o ano de 2015», criticaram a inacção do Estado colombiano perante o «autêntico genocídio político» em curso, e calcularam que, desde 2012, 1687 defensores dos direitos humanos tenham recebido ameaças de morte e 346 foram assassinados. 206 líderes sociais foram vítimas de atentados, 131 foram detidos arbitrariamente e 16 encontram-se desaparecidos, indicaram ainda as FARC.